6 de maio de 2010

Entrevista Traduzida: Madonna para a Interview Magazine

Madonna revelou na entrevista para a Interview Magazine que no momento não está gravando nada, nem tem tempo nem energia para isso.
Ela falou de cinema e de boas lembranças nessa entrevista com o diretor Gus Van Sant.
Ainda revelou um erro que a imprensa comete ao falar de seu filme: W.E. não é uma biografia do Duque e da Duquesa de Windsor!

confira a entrevista completa traduzida!


G: Hey, Madonna.
M: Gus, é você?
G: Sim. Estou na minha casa em Los Angeles lendo o jornal.
M: Você está morando em LA agora?
G: Eu continuo vivendo em Portland, mas também tenho uma casa em LA e estou começando a trabalhar em um filme aqui.
M: Você está sempre trabalhando em um filme.
G: Geralmete.
M: Mas é isso que você só faz.
G: É meu hábito. Ouvi falar que você vai para a África.
M: Yeah! Sempre vou ao Malaui duas vezes por ano. É lá que duas de minhas crianças foram adotadas e tenho vários projetos que vou checar. É como se fosse um compromisso que fiz com esse país e com as centenas de milhares de crianças órfãs devido a Aids. Fiz um documentário sobre o país [I Am Because We Are, 2008] e isso se tornou parte da minha vida. Estou indo me encontrar com Jeffrey Sachs [economista], tenho certeza que você já ouviu falar dele. Ele está começando uma iniciativa global de educação e nós iremos organizar uma coletiva de imprensa para falar sobre a escola que estou construindo. É nossa maneira de garantir que cada criança tenha uma boa educação, meninas especialmente mas meninos também. As garotas, pense, em vários países não têm a oportunidade de frequentar uma escola, nem são encorajadas, então o que fazemos é o começo de um sonho. Mas vou para lá por muitos motivos.

G: Você já fez um monte de trabalhos com Jeffrey Sachs, não é?
M: Sim, nós nos apoiamos há anos. Trabalhei com ele em algumas Millennium Villages, temos duas no Malaui e estão se saindo muito bem. Ele é um ser humano incrível.
G: Nunca o conheci, mas sempre ouço falar que ele é bem carismático.
M: Extremamente carismático. Fala muito bem e é charmoso. Ele é uma das poucas pessoas que conheço que fazem o que dizem, ele pensa muito grande.
G: Qual é a teoria por trás das Millennium Villages?
M: Bem, o trabalho delas é primeiramente focado em erradicar a pobreza. Millennium Villages é um experimento que ele tentou por todo o mundo. Custa um certo dinheiro e leva certos anos, mas ele leva isso como ciência, onde com 1,5 milhões de dólares em um período de cinco anos consegue-se fazer uma série de vilas auto-sustentáveis através da educação, os preparando para plantar, dando ferramentas para o campo e conhecimento. Jeffrey me ajudou muito com os trabalhos que fiz no Malaui. Então, sim, estaremos bebendo gin e água tônica e matando os mosquitos lá. A propósito, Milk é um filme brilhante, chorei demais e amei.
G: Oh, ótimo. Obrigado.
M: Gostou de trabalhar com meu ex-marido? [Sean Penn]
G: Gostei, Sean foi maravilhoso!
M: Ele é maravilhoso.
G: Não me encontrei até agora com o Sean desde que ele visitou o Haiti. Digo, é incrível o que ele tem feito.
M: Sim, ele tem “fogo na bunda”, tenha certeza.
G: Quando o chamei para ver se ele aceitava o papel em Milk, ele esperou meio segundo e disse sim. Acho que ele sabia que os elementos estavam lá.
M: Eu posso ver porque ele ficou atraído pelo papel e disse sim em dois segundos. Assistir Milk é uma viagem dentro da minha memória.
G: Sério? Você já foi ao Castro?
M: Fui quando era mais jovem. Mas sabe, o que o filme trouxe de volta para mim são aqueles dias no passado em Nova York, me trouxe de volta aquela cena a cabeça - você sabe, Andy Warhol, Keith Haring, Jean-Michel Basquiat e Kenny Scharf. Era tudo tão vivo com arte e política e todo aquele espirito maravilhoso. Muitas daquelas pessoas estão mortas agora, acho que esse foi um dos motivos porque chorei. Sabe, o personagem de Richard E. Grant no filme que dirigi, Filth & Wisdom [2008], é baseado no meu professor de balé, Christopher Flynn. Por ter crescido em Michigan, não sabia o que era um homem gay. Ele foi a primeira pessoa, o primeiro ser humano, que me fez sentir bem e especial comigo mesma. Foi a primeira pessoa que me disse que eu era bonita e que tinha algo para oferecer ao mundo e me encorajou a acreditar nos meus sonhos, em ir para Nova York. Ele é uma pessoa muito importante na minha vida e morreu de AIDS. Christopher era um amante das artes, música clássica, literatura e ópera. Sabe, eu cresci no Midwest, e realmente foi por causa dele que fiquei exposta a todas aquelas coisas. Ele que me levou ao meu primeiro clube gay, em Detroit. Era muito ruim pois eu estava crescendo e não havia lugar que eu me encaixasse. Mas quando ele me levou a aquele clube finalmente me senti em casa. Então esse personagem em Filth & Wisdom foi dedicado e inspirado nele. Não sei porque estou trazendo tudo isto à tona, mas acho que está vindo daquele mundo de Michigan e da minha trajetória de vida: depois de ir para Nova York e ser dançarina quando toda a epidemia de AIDS começou e ninguém sabia o que era. E de repente, todos esses homens maravilhosos em minha volta, pessoas que eu amei muito, estavam morrendo - um atrás do outro - foi um tempo bem maluco. E também olhar o mundo virar ao avesso - a comunidade gay estava caida em ostracismo. Mas foi também quando comecei minha carreira... eu não sei. Seu filme realmente me atingiu e me fez lembrar de tudo. É um tempo que acho que não foi todo mundo que conseguiu capturar em um filme. E mesmo sendo um tempo de tantas mortes, para mim, Nova York estava muito viva.
G: É maravilhoso que você tenha tido uma pessoa como essa na sua vida que foi uma grande influência.
M: Graças a Deus! Por outro lado, eu não sei se eu teria saído de Michigan. Foi por causa de Christopher e minha professora de história russa, Marilyn Fellows. Acho que foi uma conspiração de Deus os ter trazido para mim. A conspiração dos anjos que me deu a confiança e me ajudou a transformas os limões em uma limonada, se entende o que digo. Quando você cresce num lugar muito conservador e não se encaixa nele é bem difícil... Você por ir de uma maneira ou de outra.
G: Eu tive a chance de assistir Filth & Wisdom, é bem intimidador. Fiquei surpreso com o filme, não sabia o que esperar.
M: Sim, tenho certeza. Acho que é intimidador, nunca pensei assim. É uma história pequena mas realmente, se você o quebrar, é sobre a luta de ser um artista. Sinto como se os três personagens principais do filme são basicamente eu.
G: Eles são?
M: Ou aspectos meus. Tive sorte de encontrar Eugene [Hütz], o ucraniano que interpreta o papel principal. Quando comecei a escrever o filme não o conhecia e seu personagem é um ator que vira cross-dressing [pessoas que vestem roupa ou usam objectos associados ao sexo oposto] para pagar as despesas. Mas então, conheci Eugene depois de ver um outro filme seu e descobri que ele fazia parte de uma banda, a Gogol Bordello. Então comecei a conversar com ele. Era " Oh, Deus, ele é maravilhoso. Vou fazer o personagem de um músico sem emprego para ele", achei que seria mais interessante.
G: Qual o filme você viu com ele?
M: Vi ele num filme que Liev Schreiber dirigiu, se chama Everything Is Illuminated [2005]. Eugene é minha parte favorita no filme, cheguei a ficar obcecada por ele. Escrevi uma parte só para ele no roteiro do meu novo filme, como um segurança que é um imigrante russo vivendo no Brooklyn e trabalhando em Manhattan. Eugene inspirou mesmo o personagem, que se chama Evgeni.
G: É o roteiro de W.E.?
M: Sim. Todo mundo pensa que estou fazendo um filme musical sobre o Duque e a Duquesa de Windsor, não sei porque isso apareceu nos jornais. Os dois estão no filme que não é sobre eles. É sobre a jornada de outra mulher que considera os dois uma espécie de guia.
G: Vai ser em que época?
M: Vai ser mais na época da Segunda Guerra Mundial - 1936 a 1937 - e também em Nova York 1998. Vai ir e voltar no tempo. Uso o leilão Sotheby em 1998 do Duque e da Duquesa como um artifício para voltar no tempo.
G: Oh, fantástico!
M: Fantástico e complicado. Não percebia enquanto escrevia o roteiro, mas quando comecei a procurar por elenco, planejar e trabalhar com a produção pensei "Oh merda, escrevi um roteiro sobre um monte de gente rica. Isso vai ser muito bom para o orçamento". A duquesa muda, quase, oitenta vezes de roupa. Ela se vestia com Balenciaga, Christian Dior e Vionnet and Schiaparelli. Cartier e Van Cleef & Arpels fizeram a maioria das joias dela. Muitas das coisas originais estão nos museus e eles não irão emprestar para mim. Mas várias casas de costura se ofereceram fazer as roupas para mim. Conhece Arianne Phillips?
G: Nunca trabalhei com ela, mas conheço seu trabalho.
M: Ela está fazendo os figurinos. Só eles sozinhos são muito bonitos porque o duque e a duquesa eram muito elegantes. O leilão fala por si mesmo - foram leiloados mais de 40.000 itens, muitos eram roupas, joias, sapatos, bolsas e mais. Tem muita moda no meu filme, porém não é sobre isso que ele trata.
G: Então você fará algumas coisas e outra irá refazer?
M: Sim, vai ser uma combinação de peças clássicas, outras nós iremos refazer baseadas nas texturas que vieram dos arquivos e coisas novas também. Da próxima vez irei escrever um filme sobre uma pessoa em um lugar do mundo que não tinha guarda-roupas. [risos]
G: Quando você começou a escrever o roteiro de W.E.?
M: Venho escrevendo ele há quase dois anos e meio, para dizer a verdade. Virou uma obsessão minha. Comecei a escrever quando finalizei o Filth & Wisdom. Pensei que não tinha o direito de fazer um filme grande sem antes fazer um pequeno - acabei aprendendo.
G: Esse próximo então será grandioso, obviamente.
M: Bem, é uma história grandiosa. Tem mais de três personagens e três deles basicamente mudaram a história inglesa. O Rei Edward VIII abdicou o trono para ficar com uma mulher americana, Wallis Simpson. Isso faz parte da minha história, tive que fazer enormes pesquisas e entrevistar muita gente. Tenho uma enorme responsabilidade com isso. Então tem uma nova história, o ponto de vista, que é dessa garota que é obcecada e vai a todos os leilões e procura coisa deles. É muito mais complicado que Filth & Wisdom.
G: Uma das coisas interessantes que ouvi falar sobre Edward VIII e Wallis Simpson é que eles tinham um circulo social. Terá algo disso no filme?
M: Sim, claro. Eles eram um casal muito controverso, as pessoas tem várias noções diferentes sobre eles. Digo, o homem, Edward, desistiu da posição mais poderosa no mundo para ficar com essa mulher. Para os britânicos, ele foi o principe e o rei mais amado de todos os tempos - era chamado de People's Prince [Rei do Povo]. Ele era muito popular. O fato de ele ter abdicado o trono deixou muita gente arrasada e claro "demonizou" Wallis. O povo dizia que tudo isso era culpa dela, os acusavam de várias coisas. Diziam que ela tinha colocado um feitiço em Edward, diziam que ela era hermafrodita e ele era gay, diziam que eles eram nazistas. Isso é só a mentalidade fútil comum que tem em algumas pessoas que não tem algo que outros têm. Eles têm que te diminuir dizendo que há algo de errado em você, ou acusam você de algo que você nem tem conhecimento.
G: Então eles decidiram virar um casal.
M: Sim, mas o amor não é o suficiente, de verdade. Então tem sido uma jornada bem interessante tentando descobrir sobre eles. Na Inglaterra especialmente, descobri que se você comentasse sobre o Rei Edward VIII e Wallis Simpson numa festa ou em um encontro social era como se você jogasse um coquetel molotov na sala. Todo mundo mostrava argumentos e opiniões sobre quem eles eram. Quero dizer, ele eram muito controversos e continuam a ser, claro que fiquei atraída com isso.
G: Isso é um assunto bem interessante.
M: Suas vidas eram absolutamente malucas. Eram movidos mais pela busca e o significado de felicidade do que o culto a vida de celebridade, realmente.
G: Você escreveu o roteiro com Alek Keshishian?
M: Sim, comecei a escrever sozinha e percebi que precisava de uma ajuda. É um assunto muito grande. Eu gosto muito da ideia da colaboração em geral. É muito solitário fazer coisas por conta própria, chega até ser arrogante. Digo, algumas pessoas são brilhantes e fazem coisas ótimas sozinhas, nunca duvidam de nada e aparecem com coisas maravilhosas. Mas acredito que é bom trocar opiniões com as pessoas e as ouvir dizer "Isso é péssimo" ou "Você é doida" ou "Isso é brega " ou "O que você pensa sobre isso?". Isso ajuda você entender no que acredita, no que está apaixonado e o que é merda. Acho importante ter uma segunda opinião. Conheço Alek há anos e temos um relacionamento estranho de irmão para irmã. Uma hora estamos nos abraçando e chorando, outra hora estamos batendo com a porta na cara do outro e não nos falando por meses [Risos]
G: Quando você está escrevendo com alguém, é uma situação em que vocês estão numa mesma sala?
M: Oh, sim. Quero dizer, estamos na mesma sala mas sempre fazemos coisas por conta própria e mandamos e-mail, ou então fazemos coisas ao telefone, ou então sentamos juntos e colocamos o computador no colo do outro, ou então estamos aborrecidos porque escrevem muito devagar... Então, acontece de várias maneiras.
G: Você costuma escrever durante o dia ou noite?
M: Eu trato de escrever durante o dia para poder ver meus filhos de noite. Mas quando eles não estão em casa e eu tenho bastante tempo sobrando por ser uma mulher solteira vivendo em minha casa numa semana miraculosa, chego a escrever em horários diferentes. Digo, nós acendemos uma vela. Nós ficamos acordados toda noite, fizemos de várias maneiras. Mas geralmente nós programamos algum tempinho para ficarmos juntos e trabalhar.
G: Você já começou a escolher o elenco?
M: Sim, estou procurando. Quando eu voltar da África irei oficialmente começar a pré-produção.
G: Para filmar nesse verão?
M: Correto.
G: Eu sei, é difícil, não é?
M: Bem difícil. Eu não sei como é para você mas para mim, fazer um filme, antes de você começar a filmar e ir as trincheiras, é um processo cansativo, é esse processo de pedir coisas a todas essas pessoas que te dizem "não". Parece que o mundo inteiro está contra você. Nunca tive essa experiência antes, porque gravando discos e colocando turnês na estrada - exceto no começo da minha carreira - nunca tiveram esse tipo de resistência comigo. Eu encontro as pessoas com quem quero trabalhar e começamos, muito trabalho e catástrofes acontecem, mas nunca negaram nada para mim. Mas quando você faz um filme, parece que não existe nada mais que resistência. É tipo um milagre quando um filme é feito. Eu penso "O que estou fazendo? Isso é insano. Eu poderia estar fazendo jardinagem agora. Isso é tão estressante. Quem eu acho que sou? Por que estou me colocando na frente de todas essas punições?" É isso que eu sinto.
G: Eu disse às pessoas que começaram a filmar que a única coisa que você irá guardar de experiência é esse sentimento que o mundo conspira contra você. Tem sempre essas mensagens que você recebe: "Você não pode usar essa locação. Você não pode filmar no Yankee Stadio"
M: "O ator realmente não está disponível, exceto por essas três semanas"
G: Sim. E é tão difícil cuidar disso pessoalmente porque são várias coisas ao mesmo tempo, é como uma tortura.
M: É uma tortura para mim porque quero sempre ver pessoalmente todas essas pessoas que me dizem "não" e digo: “Por que não podemos trabalhar em alguma coisa? Por que não posso filmar no seu castelo? Por que você não pode fazer 30 figurinos para mim me cobrar? Por que você quer trabalhar com Martin Scorsese quando se pode trabalhar comigo?” [os dois riram]. Isso tudo parece ser um exercício de aceitação, não é? Quando você vai ceder? Quando você vai deixar passar e parar de tentar controlar tudo a sua volta? Fazer um filme é nada mais que uma colaboração. Até um certo ponto, suponho que você deve se deixar levar e confiar nas pessoas com quem trabalha. Olho filmes como os do Wong Kar-Wai e eles têm esse sentimento de família envolvido. Ele sempre trabalha com os mesmo atores, diretores e produção e as histórias nunca mudam muito. Essa familiaridade parece ser uma ótima luxúria.
G: Wong Kar-Wai é realmente uma grande inspiração. Ele é sempre lembrado como o Jimi Hendrix do cinema.
M: O que isso significa?
G: Isso significa que ele é tão livre e familiar com sua profissão que pode fazer tudo.
M: Eu assisti In the Mood for Love [filme de 2000 dirigido por Wong Kar-Wai ] de novo na última noite porque amo a trilha sonora. E digo, o quanto usado é slow motion no filme? Mas por alguma razão ele se distancia disso. Toda vez que os personagens se esbarram há sempre uma mesma música, isso é tão bonito. No filme tem dois casais vivendo no mesmo lugar e em frente ao outro. Você nunca vê a esposa de um casal ou o marido de outro mas sempre os escutam conversando. E não é uma história muito grande e você fica totalmente envolvido. É algo para invejar. Embora as histórias de Wong pareçam ser simples, quando você as termina de ver se sente devastado, melancólico. Pelo menos é assim comigo.
G: Comigo também.
M: Mas talvez haja algo de errado comigo, talvez eu seja alguma idiota.
G: Não, acho que são filmes muito fortes. Quem você está usando na produção?
M: Hagen Bogdanski. Ele fez The Lives of Others [2006]. Já viu?
G: Já sim. É maravilhoso.
M: Ele também fez The Young Victoria. Acho brilhante.
G: Porque o produtor que tenho usado em vários filmes é alguém que tem conexão com você.
M: Eu adoro Harris Savides. Ele é muito caro para mim e eu o adoro. Trabalhei muito com ele, que é o melhor. É interessante porque meu filme é essencialmente uma produção inglesa e eu tenho usado pessoas que vivem lá ou pelo menos na Europa. Nós iremos filmar a maioria na Inglaterra, algumas cenas na França e outras em Nova York. Minha única indulgência é trazer minha figurinista porque tenho trabalhado com ela já há muito tempo e as roupas são uma parte importante do meu filme. Não quero começar a trabalhar com alguém novo. Você vai trabalhar com Harris em algum filme novo?
G: Bem, tem um filme que eu estou editando agora. Nós filmamos em novembro e em dezembro e Harris ficou na produção. Trabalhei com ele em alguns filmes agora. Seymour Stein ?foi alguém que eu precisava conhecer um pouco porque ele ajudou na trilha sonora do Even Cowgirls Get the Blues [1993]. Ele foi...
M: Se ele foi uma pessoa importante e influente na minha vida? Oh, meu Deus, é claro. Ele acreditou em mim. Seymour Stein é a pessoa que assinou e deu o meu primeiro contrato de gravação. Ele escutou a minha demo. Ele estava no hospital e me deixou visitá-lo. Trouxe meu rádio e toquei minha música. Seymour estava deitado na cama com uma cueca boxer. Ele sempre foi meu campeão no começo de minha carreira, é uma personalidade muito importante. Digo, todos nós temos campeões e me sinto abençoada de ter tido os que tive. Continuo encontrando Seymour Stein de tempos em tempos, ele continua tendo aquele olhar de criança desobediente.
G: Me lembro de uma vez que ele começou a falar de música e chorou.
M: Oh, eu sei. Ele é uma amante da música, da arte. Me lembro que ele tinha essas pinturas loucas, uma vasta coleção de arte, e as peças ficavam todas empilhadas uma em cima da outra e apoiadas nas paredes do apartamento. Ele é uma figura. É curioso porque parece que aqueles dias realmente acabaram na indústria musical, isso é bem triste.
G: Agora a indústria da música é como se fosse um "classificados", não é? Onde você faz sua própria música e vende online.
M: É, estranho o que acontece agora. Não vou gravar nada agora com ninguém. Não sei como vou fazer minha música da próxima vez.
G: Você tem que repensar como fazer isso.
M: Vou ter que reinventar a "roda". Não estou focada o tanto quanto deveria estar na parte musical da minha carreira porque esse filme consome cada parte minha. Com isso e meus quatro filhos, não tenho tempo nem energia suficiente. Por exemplo, eu admiro as várias pessoas que trabalham arduamente para lançarem produtos como o DVD da Sticky & Sweet que acabamos de lançar, eu vi sim o produto finalizado, mas não faço ideia de como o produto chega aos fãs nem como ele será vendido.
G: Você terá que descobrir. [Risos]
M: Eu acho que tenho um fã clube, bem, é o que dizem.