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Madonna é a artista mais conceituada dos últimos tempos
São muitas as incógnitas que percorrem a carreira da artista Madonna. A maior delas, sem deixar o menor ponto de dúvida é, no entanto, a sua constante filosofia de renovar-se. Quando falamos nisso, não estamos apenas nos referindo a artista, mas sim ao seu público, aquele a qual se destina e quem define o seu sucesso. Nesse emaranhado todo, quem mais ganha é a artista, que mantém o interesse dos ‘old fans’, mesmo que seja na interpretação equivocada dos que pararam no tempo, e no despertar da atenção dos fãs chamados ‘nova geração’, ligados também ao apelo da tão camaleônica cultura pop, aquela que, de forma grosseira, segue os anos do modismo, daquilo que é atual, teen e ‘cool’.
Inteligente e pouco conservadora ao ser os punhos de criação e execução do seu próprio trabalho, Madonna segue a linha ‘pop’ que refere-se ao modismo, mas também acaba por ditar o que é a moda dos anos atuais para a sociedade. Já na década de 80, quando ela criou o ‘wannabe’ (estilo de ’seja igual a’), muitas eram as pessoas que passaram a usar luvas nas mãos como peça de roupa e não mais como acessório, além de usar as roupas íntimas por cima das roupas casuais. Bastou apenas uma apresentação ao vivo para o público jovem daquela geração da MTV, canal popular, emergente e novo para os adolescentes mais descolados; para que a sua imagem de sexy e provocativa passasse a ser adotada.
Inteligente e pouco conservadora ao ser os punhos de criação e execução do seu próprio trabalho, Madonna segue a linha ‘pop’ que refere-se ao modismo, mas também acaba por ditar o que é a moda dos anos atuais para a sociedade. Já na década de 80, quando ela criou o ‘wannabe’ (estilo de ’seja igual a’), muitas eram as pessoas que passaram a usar luvas nas mãos como peça de roupa e não mais como acessório, além de usar as roupas íntimas por cima das roupas casuais. Bastou apenas uma apresentação ao vivo para o público jovem daquela geração da MTV, canal popular, emergente e novo para os adolescentes mais descolados; para que a sua imagem de sexy e provocativa passasse a ser adotada.
Longe de ficar a margem da sociedade, Madonna sabia que os pais daqueles adolescentes não iriam lhe dar tanta atenção, já que ela motivava os adolescentes a aderirem a rebeldia sem causa. Não por acaso, ela engajou uma imagem mais classuda no álbum ‘True Blue’. Ela já havia deixado a virgindade de lado e passaria a fazer parte de uma outra história: das mulheres grávidas, com problemas amorosos e donas de família. Esse choque de personalidade, no entanto, era seguido pelos fãs conquistados ainda na rebeldia, quando era ‘cool’ ser ‘brinquedo de menino’.
Em um tom mais sério, vale citar ainda que a década de 80 seria a década oficial em que o rock difundia-se como o estilo mais abraçado no mundo; não fosse a marca ‘Madonna’ ter nascido na mesma década e também ter usado o estilo rock-pop para tirar o foco de bandas como ‘The Clash’, ‘Talking Heads’, ‘The Smith’ e o ‘The Police’. Nessa causa, Madonna ganhava a ajuda do também pop Michael Jackson. Mas, desses, podemos citar que só mesmo a cantora Madonna sobreviveu ao tempo.
Voltamos então ao foco deste artigo, em que a sobrevida conseguida por Madonna a cada década a põe no posto de artista mais influente a estar no auge com a sua carreira e conquistando mais e mais públicos, a torna a maior artista dos últimos tempos. Podemos citar a banda Rolling Stones, tão e mais antiga quanto a Madonna, assim como o U2, e que ainda estão aí, fazendo o seu som e shows. Mas, é sabido observar que nenhum deles estão realmente preocupados em arriscar ou mudar o rumo da história da banda e da música. Madonna é a única artista que se aventura a sair do seu cenário de conforto e compor músicas novas, buscar sonoridades emergentes e mudar o foco do seu trabalho a cada álbum lançado. O que ela faz, meus caros, é ganhar novos espectadores para a sua obra a cada novo empenho exercido em sua carreira.
Madonna ainda destaca-se por, mesmo cercando-se de pessoas e profissionais talentosos, horas para suprir a sua necessidade de criar em novos campos ou de minimizar os seus pontos fracos; ela o faz de forma capaz, sendo líder quando há de ser e atenta a tudo a sua volta. É notável que, ao deixar a gravadora Warner Music no final da década do novo século, ela tenha conseguido manter-se segura pela sua obra. Embora tivesse contrato assinado, nada era feito sem o seu consentimento final. Até mesmo álbuns mais ‘geniosos’, quando interceptados pela gravadora – caso de ‘American Life’ e ‘Hard Candy’; vinham com uma marca da cantora: a sua ferocidade artística implícita como forma de expressão da rebeldia que a consagrou no início de tudo, quando ela resumia o seu sucesso, profetizando a frase “Eu quero conquistar o mundo”.
Vivemos na mesma época que Madonna. Todos os gênios que estudamos hoje ou pelos quais os acadêmicos dos tempos atuais concedem honras pelas descobertas, foram, em sua maioria, ditos como loucos e marginalizados da sociedade de suas épocas. Anos depois é que “puderam” colher os louros de suas descobertas, que ainda hoje abrem caminhos para muitas das ferramentas que dispomos hoje e que, futuramente, estarão por aí. Os louros, no entanto, ressumem-se a placas de citação, memoriais ou prêmios disso e daquilo, em forma de homenagem. A parte feia da história, fica debaixo dessas mesmas placas, memoriais ou prêmios.
Talvez, dessa premissa, Madonna ainda tenha uma longa batalha a duelar. Os seus maiores louros, com certeza, virão nas décadas seguintes a sua partida nesta vida. Nosso filhos, os filhos dos nossos filhos, ao estudarem as histórias, saberão que na década de 80 Madonna deu expressão de liberdade maior ao feminismo. Que ela ajudou a rebeldia adolescente a expressar-se ao mundo e criou um novo ciclo de consumo, para as empresas que se atentaram a este público que, embora rebelde, gritava por atenção. Ou ainda saberão que no início da década de 90, Madonna deu voz ao povo para falar sobre a doença que havia matado, calada, a milhões de pessoas na década anterior. Que ela misturou o sexo e a política de forma mais humana e menos perversa do que Clinton, presidente dos EUA na época, o fizera com Monica Lewinsky.
Ficarão atentos também para o legado da religiosidade, como busca de indagação e não apenas aceitação que Madonna gerara ao lançar o seu lado espiritual no final da década de 90 e na criação de novos conceitos musicais explorados de forma tão vulgar pelos artistas do início da década de 2000, em que ela sabiamente contornou e presumiu para o mercado fonográfico. Como resultado, a religiosidade nunca foi tão presente, com os seus males tão bem confrontados pela mídia e, a música, nunca foi tão difundida na era digital que imperava ao sucesso do hit ‘Music’, desta mesma cantora.
Com 'Music', Madonna abriu novas tendências musicais: o termo folk é aplicado de forma popular
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Não podemos dizer que os grandes gênios são somente aqueles que criam, são sim aqueles que tornam algo que advém do gueto a uma poesia maior, que possa ser interpretada pela maior massa possível. Nesse caso, Madonna é imbatível. Da apropriação de ‘Vogue’, o estilo exclusivamente gay, que só existia em pequenos clubes em Nova Iorque e passou a ser capa até mesmo de revista conceituada e estilizada de moda, com suas poses únicas e simbolistas, ao ícone militar feminino ou ainda o clássico gênero country, que difundiu-se com a música eletrônica a partir da ousadia desta artista… ao menos por uma artista feminina..
Fãs antigos reclamam, os mais novos aderem ao modismo, e sim, Madonna está velha. Mas quem não
queria ser a pessoa que, quando aparece, todos desaparecem?
Os fãs mais cansativos vão sempre achar algo para criticar. Os mais novos vão sempre se empolgar, passando por músicas de artistas como Britney Spears, Lady Gaga e Beyonce, mas sabendo quem é e parando para prestar atenção em Madonna, assim como fazem os seus artistas prediletos. Não é de se estranhar que, mesmo dividindo opiniões, Madonna consegue chamar a atenção do público e da mídia por quase 3 décadas. Não se trata de importância, mas sim de relevância. Que fique a lição: Madonna pode sim aprender novos truques e, quem prestou atenção nos seus velhos truques, tem a se dar melhor no mercado em que, até hoje, tem marca de um nome só, mas com dois “n’s”: Madonna.